Alguns homens ficam famosos por acumular fortunas, serem muito ricos, usar deliberadamente o poder econômico. Outros por serem excelentes jogares de futebol, como Pelé, Diego Maradona, Leonardo Messe. Também pode ser tornar conhecido por trabalhos de solidariedade, com Irmã Dulce. Enfim há inúmeras maneiras de se tornar imortal. Vladímir Ilitch Uliánov (Lénine), mais conhecido por Lênin (1870-1924), no entanto não foi nada dos exemplos acima, ele simplesmente foi um homem que se esforçou para compreender o marxismo e colocar algumas concepções em prática, na sua luta política.
Lênin foi um dos homens que mais estudou o marxismo, pensou a classe operária como possibilidades de serem protagonistas do processo histórico. Ele percebeu, como Marx, que a sociedade capitalista não daria condições aos operários de terem vidas dignas, em um contexto diferente ao de Marx, o pensador russo desenvolveu um estilo intelectual capaz de se aproximar dos trabalhadores, colaborar na ampliação de sua capacidade de compreensão do mundo e apropriação de conceitos que viessem oportunizar consciência social e política.
A filosofia de Lênin se constituiu o chamado leninismo. É uma maneira de pensar na perspectiva de uma sociedade socialista, cujos indivíduos, como protagonistas do processo históricos, promoveriam intervenções sociais, em vista a um modelo social mais justo, com liberdade, então uma vida melhor. Lênim foi um homem de diálogo, sobretudo com aqueles que desejassem construir uma nova sociedade. Foi por isso que procurou ouvir as ideias socialdemocratas em ascensão no seu tempo. Mas por não ver possibilidades para ir além das reformas e não ficar circunscrita à luta econômica. Lênin, então, rompeu com elas, e buscou construir seu modo próprio de socialismo, seguindo muitos princípios e concepções de Marx.
A socialdemocracia acreditava que através da luta econômica os trabalhadores adquiririam consciência política de classe política. Lênin não acreditava que esse fosse o caminho mais indicado para possibilitar avançar politicamente e construir condições de classe revolucionária. “As formulações gerais de Lênin sobre a formação da consciência socialista e sobre o papel da organização revolucionária eram de origem economicista. Sem dúvida, o jovem Lênin estava de um lado influenciado pelas grandes greves operárias de 1895-1896 e, por outro, pelo "primitivismo" teórico dominante nos círculos socialdemocratas russos” (Buonicore).
Em Lênin havia uma concepção política mais audaciosa e mais esperançosa no sentido de que era possível a classe operária, como revolucionária, intervir na história e criar condições para lutar por uma organização social emancipadora. Para isso, acreditava ele, era indispensável a consciência política, que poderia vir do estudo da visão marxista de conceber a sociedade, história e revolução. Já a visão socialdemocrata defendia o pressuposto que a luta econômica viria em primeiro lugar, posteriormente a política.
Para Augusto César Buonicore, Lênin, “embora afirme que a consciência política socialista poderia nascer da luta econômica isto não concedia a luta econômica a centralidade no processo revolucionário. A centralidade continuava sendo a da luta política”. Assim, o leninismo entende que a luta política é fundamental em processos de construção de condições de mudanças, transformações, que no caso era rumo a sociedade socialista. Para Lênin sem consciência política revolucionária as mudanças não passariam de reformas e tudo voltaria a situação anterior aos movimentos de organização social burguesa, como aconteceu nas greves de 1895-1896.
Sendo assim, Lênin rompeu definitivamente com as teses economicistas e passou a estudar com mais atenção o problema da relação entre a luta econômica-corporativa dos operários e o processo de constituição de uma consciência revolucionária e socialista. O problema do Partido começou a ganhar relevo na construção teórica de Lênin. Consolidou-se nele a ideia de que somente o Partido revolucionário poderia assegurar às lutas econômicas de massa uma saída política adequada (Buonicore).
A luta política tão cara a Lênin, no entanto, não se constituía apenas dos movimentos dos trabalhadores, fazia-se necessário, segundo ele, a participação dos intelectuais revolucionários, em situações que eles providos de princípios e concepções marxistas promoveriam a formação política dos operários. Para o leninismo, então, o conhecimento é considerado importante para o avanço da luta revolucionária, para ir além da consciência sindical, pois é por intermédio dele que a visão social e política se ampliam, possibilitando competência de pensar e agir em circunstâncias complexas.
No próximo texto aqui nesse blog continuarei refletindo sobre esse tema.
Luiz Etevaldo da Silva
Secretário de Formação Política
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