Vanderlei Thies, Paulo Groff, Marcelo Leal Junior Piaia compuseram a mesa |
A mesa da noite que teve como tema “Lutas Sociais, Agricultura camponesa, Agroecologia”, foi coordenada pelo Professor Paulo Groff e teve a participação de Junior Piaia, dos Engenheiros Agrônomos Vanderlei Franck Thies e Marcelo Leal (Movimento dos Pequenos Agricultores)
O Professor Paulo Groff, ao abrir o debate, ressaltou que o tema busca “discutir formas de avançar numa agricultura diferenciada e que seja para o bem de todos”. Vanderlei Thies lembrou que ao falarmos de lutas sociais é importante lembrar que a UERGS e um importante resultado da luta social. Ele explanou sobre a necessidade de os sujeitos reconhecerem-se como classe e perceberem a luta de classes para a transformação social, deixando como provocação duas questões. Existem indícios de diferentes interesses de classe no campo da gestão ambiental ou projetos de classe no rural brasileiro?
Marcelo Leal fez uma abordagem relatando sua experiência nos movimentos sociais.
Para ele, há um individualismo brutal que causa fragmentação na sociedade e esta fragmentação é um pilar na manutenção do sistema atual. Contra isso é preciso lutar e defender a reforma agrária, fixando as comunidades tradicionais além de uma mudança da matriz tecnológica, baseada na agroquímica construindo uma agricultura ecológica. “Precisamos construir soberania alimentar que é o direito dos povos poderem escolher o que, como é para quem produzir. Vivemos um período de resistência dos movimentos sociais e para avançar na nossa luta e romper a barreira da resistência é fundamental a aliança entre a cidade e o campo”, disse.
Convidado para falar sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e seus reflexos para os pequenos produtores rurais, Junior Piaia não se furtou aos temas abordados. Disse concordar com maioria das questões colocadas mas que o debate da questão soberania e fundamental para um projeto nacional de desenvolvimento que inclua uma transformação do sistema. “Este é o nosso grande desafio”, disse.
Ao abordar o Código Florestal e o CAR, Piaia sublinhou que ao se tratar de meio ambiente, os interesses individuais normalmente se sobrepõem aos interesses coletivos mas expôs que o novo código é um avanço já que tratou os diferentes como diferentes. “No novo código, pequenos e grandes proprietários tem exigências de acordo com o seu tamanho. O código antigo, não era interessante para a grande maioria dos produtores, principalmente para os pequenos agricultores por ser limitador do processo produtivo”.
Junior Piaia disse que é preciso avançar também com relação ao código. “Precisamos garantir que o Brasil tenha soberania na questão da produção e questões como essa dependem do nível de organização da sociedade. Nossa força e organização social é determinante como possibilidade de avançarmos para uma mudança ou não”, concluiu.
Ao fim, a mesa respondeu perguntas dos presentes. A Semana Acadêmica da UERGS vai até sábado (07), finalizando com uma trilha ecológica pelo Rio Erval Novo.
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