Temos consciência, então, que estudar é preciso para uma militância comunista mais qualificada, fortalecendo o poder na luta de ideias. Hoje me dedico a pensar as contribuições dos estudos de filosofia para nossa formação política, social e cultural. Mas o que é mesmo a filosofia? Em que situações de nossa vida usamos os conhecimentos de filosofia? Que relação há entre a filosofia e a política?
É comum se ouvir que a filosofia é importante porque ensina o indivíduo a pensar. É verdade, por meio do estudo dela ampliemos nossa capacidade de reflexão. No entanto, não é apenas esta ciência que ensina a pensar, as outras também contribuem para o desenvolvimento do pensamento, como a sociologia, a história, a geografia, entre outras tantas.
A filosofia, claro, tem como característica e metodologia científica fazer perguntas e provocar a reflexão por parte dos sujeitos envolvidos no processo de compreensão da realidade. A filosofia nos convida à reflexão, questionamentos, incita a dúvidas, tece relações entre as ideias e as concepções de mundo, ensina a perceber as ideologia nos discursos, enfim se dedica a pensar o próprio modo de pensar.
A palavra filosofia é de origem grega, significa amor à sabedoria. Philos significa amizade e sophia significa sabedoria. Então, o sentido da filosofia nos remete ao gostar, amar o conhecimento, ser amigo dele. Sempre que nos propusemos conhecer, vamos atrás dos saberes, questionamos os fatos ou fenômenos estamos realizando, de certa maneira, um exercício filosófico. Sendo assim, na participação na luta de ideias, tão importante aos comunistas, a capacidade de argumentação, expressão dos princípios e concepções, podemos qualificar tudo isso se agregarmos a nossa maneira de pensar lógicas da filosofia.
A filosofia surgiu como conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza. Por isso, filosofia é associada à concepção de mundo: esforço racional para conhecer o universo como uma totalidade ordenada e dotada de sentido; fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas (FMG2).
A filosofia possibilita a apropriação do conhecimento racional. Mas o que significa ser racional, ter racionalidade desenvolvida? Isso é algo complexo, mas tem a ver com o hábito de pensar bem antes de chegar a conclusões, explicar os nexos de um fonômeno ou fato, reunir várias causas e procurar chegar a uma conclusão ou conclusões, fazer perguntas, buscar a resposta para elas, estabelecer relações entre os detalhes sem perder de vista a totalidade, raciocinar, refletir, argumentar e justificar, observar as diversas dimensões dos fenômenos ou fatos para definições, fazer o cálculo antes de tomar decisões, elaborar argumentos lógicos e coerentes, defender ponto de vista mediante justificativas, pensar para além da aparência, juntar ideias dispersas, por vezes divergentes, para expressar algo e utilizar a imaginação lógica para definir um pensamento.
A filosofia, ao buscar a relação entre o mundo e o conhecimento que se tem sobre ele, sempre pergunta sobre as verdades postuladas e tem por principal atitude a reflexão, fundada no questionamento, na dúvida. . A atitude filosófica consiste em indagar sobre certezas aceitas pelo senso comum ou pela religião e até mesmo pela ciência (FMG).
Em face do tem sido dito, a filosofia nos conduz do senso comum ao conhecimento científico. Senso comum é aquele conhecimento sem questionamento, respostas simples, deslocadas da totalidade, às vezes, baseado nas tradições, mitos, crenças, superstições, fenômenos sobrenaturais, no ouvi falar, enfim, muitas vezes não tem comprovação ou lógica. Já o conhecimento científico precisa ser testado, sobreviver a críticas, justificado na prática ou através da racionalidade.
No mundo da política o conhecimento científico é fundamental. É por intermédio dele que explicamos os significados e os sentidos do se deseja defender. Ao interagir nos conceitos o sujeito pode constituir poder às suas ideias. Para defender novas relações sociais, uma nova sociedade, é indispensável esse tipo de conhecimento, visto que os defensores do atual modelo de sociedade se articulam e disseminam sua ideologia por meio do conhecimento científico.
O conhecimento científico faz parte do poder ideológico. Que, por sua vez, é objeto de estudo pela filosofia.
O domínio do conhecimento ajuda a superar a superstição e a fé cega. Mas não é suficiente para superar valores negativos próprios das condições de exploração, como o individualismo, o voluntarismo, os preconceitos (raciais, étnicos, de gênero) e as condutas deles decorrentes. Daí a necessidade de fortalecer e cultivar valores humanistas, solidários e coletivistas, próprios da ética comunista (FMG).
O PCdoB, apoiado na filosofia marxista, reitera a necessidade de elevar a cultura e desenvolver valores como: o patriotismo, a solidariedade internacionalista, o respeito à inviolabilidade dos bens públicos, o coletivismo, a unidade política e ideológica, a disciplina consciente, a responsabilidade pessoal e social, o combate às discriminações de toda ordem, a crítica e a autocrítica, a disponibilidade e a abertura para o debate, entre outros (FMG).
Luiz Etevaldo da Silva
Secretário de Fopmação Política
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