terça-feira, 31 de julho de 2012

O que é ser um militante socialista ou comunista?

Por Luiz Etevaldo da Silva. Prof. Mestre em Educação e
Secretário de Formação do PCdoB de Ijuí/RS

Sem recorrer a conceitos teóricos complexos e partindo para uma linguagem mais acessível, pretendo fazer algumas considerações sobre as características de um militante socialista? Também farei referência a aspectos do Programa Socialista ou Comunista.

Ser militante socialista é conceber em primeiro lugar o social, as pessoas, o ser humano. Ao contrário da visão capitalista em que o capital, o dinheiro e os bens materiais, é o mais importante, depois, talvez, venham os indivíduos.

Ser militante socialista é acreditar que existem outras maneiras de organização da sociedade, uma cultura marcada pela solidariedade, pelo coletivo, em que todos usufruam dos bens produzidos.
O socialista é aquele que se empenha na luta por transformações sociais, culturais, econômicas e políticas.

Por mudanças sociais podemos citar como exemplo, uma organização que favoreça o desenvolvimento social e cultural das pessoas. A construção de um modo de ser e estar no mundo, em que as pessoas se sintam mais felizes, cuja exploração diminua gradativamente e as pessoas tenham uma relação diferente com o trabalho, menos degradantes.

O cultural se constitui em um modo de vida solidário, de cooperação, desprovido da cultura consumista, em que a aparência vale mais que o ser concreto. Efetivamente, consiste na superação do individualismo, egoísmo, concorrência, insensibilidade, machismo, racismo, preconceitos.

A economia socialista está em favor da vida das pessoas. E o político é o caminho da mudança de princípios e concepções. O partilhamento de poder, a democracia e o respeito ao outro, aproximação com ele para lutar por uma cidade, um país e um mundo melhor.

A luta por uma visão socialista tem a ver com a compreensão que diante do atual desenvolvimento das tecnologias do nosso tempo não seja concebível que pessoas passem fome.

O socialista é aquele que luta por políticas públicas que diminuam as desigualdades sociais, que todos tenham trabalho e renda para manter sua família decentemente.

O militante socialista acredita que a história é um processo, em que as coisas não são eternas e imutáveis. A exclusão social, por exemplo, não é algo dado e sem saída, mas ela está sendo um problema social, passível de ser mudado, a partir da ação dos homens.

A política para um socialista é meio de luta por um mundo, uma sociedade melhor. Através dela os homens debatem, discutem as formas de organização da sociedade que facilite uma vida decente.
Defender as ideias socialistas é se colocar contra as injustiças, posicionar-se em favor de novas relações sociais, em que as pessoas se pautem pelos direitos de ter uma vida humanizada, pautada pela ética, solidariedade e busca de igualdade.

A luta socialista é a luta por uma cidade melhor, cuja periferia receba um olhar diferenciado e ações e atitudes proporcione mais qualidade de vida.

A questão ambiental é uma das ações que fazem parte da visão socialista de conceber a organização social. Uma cidade melhor passa, necessariamente, por um espaço bem cuidado, saneamento básico, educação ambiental, reciclagem dos resíduos sólidos (lixo), por exemplo.

Uma sociedade que se orienta por ideias socialistas cuida da vida, humana, animal e vegetal, ou seja, a biodiversidade.

Não significa que os socialistas deixem de explorar os recursos naturais. Eles são fundamentais para a sobrevivência humana, faz parte da história da humanidade. Porém, a exploração parte dos princípios e concepções da sustentabilidade, isto é, exploração racional, para que as futuras gerações também possam usufruir dos recursos naturais.

Ser socialista, então, é uma questão de visão social, ética e política. É a luta por um mundo melhor, em que todos tenham direito a satisfação das necessidades básicas: alimentação, moradia decente, educação de qualidade, saúde pública humanizada, lazer, trabalho, renda, saneamento, por exemplo.

O curso de formação socialista deixa claro que as principais tarefas, conteúdo e bandeiras são a construção de uma nação democráticas, próspera e solidária, de um Estado democrático e inovador de suas instituições; um país de alta tecnologia, avançado na indústria, do conhecimento e grande produtor de alimentos e energia; vida digna, oportunidades e universalização dos direitos básicos; desenvolvimento ambientalmente sustentável; afirmação da cultura brasileira e da consciência nacional;  integração na América Latina e em âmbito mundial... (p. 39).

Enfatiza, ainda, que os desafios dos socialistas é o atendimento das reinvindicações sociais e ampla participação democrática do povo (...) imprimir uma marcha contínua do desenvolvimento, de ampla liberdade política (...) combinação entre democracia representativa e democracia direta; serviços públicos de qualidade (p. 40).

Também trata da valorização do trabalho, reversão da atual transferência de renda da esfera do trabalho para o capital, democratizar as relações sociais no trabalho, garantia de organização sindical, luta por empregos, melhores salários, salário igual para homens e mulheres (p. 40-43).

Os socialistas estão em defesa de uma sociedade solidária e humanista, luta pela superação das desigualdades regionais, desenvolvimento harmônico e integrado.

A luta socialista, segundo o programa, contempla a emancipação das mulheres, proteção do meio ambiente, defesa da cultura brasileira, soberania nacional e integração solidária.

Mais, ainda, o socialistas lançam esforços para combater a enorme desigualdade social, como diretriz que cada cidadão tenha os mesmos direitos e condições para o seu desenvolvimento (p.50).

O curso ainda trata de assegurar aos marginalizados um conjunto básico de recursos e direitos sociais e esforços para diminuir taxas de juros bancários, fortalecer as empresas estatais aumentando a participação do estado e criar outros em setores estratégicos da economia (p. 52).

O Novo Programa Nacional de Desenvolvimento socialista inclui as reformas que compõem o esforço de democratização da sociedade brasileira nas condições atuais: política, educacional, tributária, agrária, urbana, meios de comunicação e fortalecimento do SUS, da seguridade  social e segurança pública (p. 46-53).

O socialismo, portanto, é tornar a produção cada vez mais social, distribuição de renda e riqueza, consciência social, poder de Estado dos trabalhadores, solidariedade, paz e cooperação, dizem as diretrizes do Programa Socialista.

No entanto, não há modelo único de socialismo e nem de revolução, o período de transição para o socialismo se dá no contexto do esgotamento do Capitalismo, em que milhões estão condenados à fome e ao desemprego, aumento da exploração dos trabalhadores e destruição da natureza.

Os desafios da construção do socialismo são reunir as condições políticas e orgânicas da transição, conquista do poder político estatal pelos trabalhadores do campo e da cidade, aliança ampla das massas urbanas e rurais, classes médias, e intelectualidade progressistas, empresários pequenos e médios e participação de mulheres, juventude e todos aqueles que almejam um mundo melhor.

O PCdoB está engajado na organização política de vanguarda da classe operária e do povo trabalhador, na luta pela construção de uma nova formação política, econômica e social.

Na bandeira do socialismo, então, está os anseios e a disposição de luta pela valorização do trabalho, por um Brasil democrático e solidário. Por um Estado democrático de base popular e ampla liberdade política para o povo.

A transição para o socialismo comporta, portanto, formas de economia mista, heterogêneas, com múltiplas formas de propriedade estatal, pública, privada, mista, enfim vários tipos de empreendimentos e cooperativas, transição também de valores e disputas de caminhos.

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