Apesar da falta de profissionais no serviço público, Ijuí não aderiu ao programa Mais Médicos

Resumo da Sessão Legislativa. 20 de dezembro de 2013.
Mandato do PCdoB, Vereadora Rosane Simon

Adiantada para sexta-feira (20) em virtude do feriado de natal, a sessão legislativa ordinária teve como principal debate o Projeto de Lei 854/2013, proposto pelo Executivo Municipal. O projeto concede aumento de 39% para o padrão 9, no qual se enquadram os profissionais médicos que atendem no município. O salário para este padrão passará de R$ 7108,76 para R$ 9900,00.

Criticado por praticamente todas as bancadas, a proposta não foi aprovada nesta sessão. Um pedido de vistas foi aprovado pelos vereadores. Presentes a sessão, representantes da diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais entregaram um Oficio Circular aos vereadores em que questionam a justiça de um aumento para apenas uma categoria de 39%, sendo que as demais receberam apenas 8%, mesmo após entrarem em greve. Um dos itens do documento pergunta:

5. Se antes não havia dinheiro suficiente para um aumento maior, pleiteado por este Sindicato, de apenas 5% de aumento real, de onde está saindo o recurso para mais de 39% para uma única categoria?

As bancadas governistas do PDT e PT se pronunciaram criticando o corporativismo e a ganância de parte da classe médica. Relataram que nos últimos concursos realizados pelo município, as vagas disponíveis não foram preenchidas e justificaram o projeto com este motivo. Segundo o governo, não há interesse dos profissionais por conta dos baixos salários.

Anexo ao ofício encaminhado pelo Sindicato dos Servidores, há uma consulta realizada pelo Presidente do Sindicato, Luciano Agostini, ao Portal de Serviço de Informação ao Cidadão do Governo Federal, questionando a adesão do Município de Ijuí ao Programa Mais Médicos. Em resposta, o Ministério da Saúde informou que Ijuí não aderiu ao programa e que somente em janeiro do próximo ano uma nova etapa de inscrições será aberta.
“Quero expressar meu orgulho pelas atitudes tomadas pelo Governo da Presidenta Dilma Rouseff, em especial pelo Programa Mais Médicos, buscando profissionais em diversos países que queiram vir aqui trabalhar e atender esta população carente de atendimento. Se temos problemas aqui em Ijuí, uma cidade com uma boa estrutura de saúde, imaginem nos pequenos municípios por todo este país”, disse a Vereadora Rosane Simon, em seu pronunciamento.

Rosane defendeu o Programa Mais Médicos dizendo que o Governo Federal teve a ousadia e coragem buscando esses profissionais, em especial os cubanos, que são formados numa lógica humanitária e diferenciada, quebrando inclusive lobbies existente entre a classe médica com laboratórios farmacêuticos. “Se atacaram estes profissionais é por que vêm com essa lógica, humana, solidária. Integro o pedido de vistas e penso que de fato os argumentos,  no que tange ao papel corporativo que parte da classe médica joga, se colocando acima das outras profissões é lamentável,  quando sabemos da situação de muitos municípios, especialmente os mais distantes, que são afetados pela falta de profissionais”, comentou a Vereadora. Rosane Simon reiterou de que não se pode generalizar e defendeu os profissionais médicos valorosos que merecem o respeito da comunidade.

“Essa lacuna da falta de profissionais afeta o atendimento no SUS. Deixo aqui uma crítica ao município de Ijuí por não aderir ao Programa Mais Médicos, o que poderia ser uma solução a esta proposta diferenciada para os médicos, em detrimento dos demais servidores públicos municipais. 8% de aumento em cima de R$ 1000,00 é bem diferente que 39% sobre R$ 7000,00. Mas este debate ao menos servirá para a sociedade começar a entender como as diferentes categorias profissionais se organizam e de como, se o Governo Municipal não tomar caminhos diferentes, nossa população ficará refém do segmento medico”, concluiu Rosane Simon.