sexta-feira, 17 de junho de 2011

É preciso liderar

Publicado em 16/06/2011 por Editora do Portal da Organização

O primeiro semestre de 2011 demonstrou que os comunistas vivem mais um momento significante. Um rol bastante grande de avanços pode ser registrado. No entanto, até devido ao crescimento, há relativa ausência de liderança quanto ao discurso político-organizativo sobre a vida partidária.

* Por Walter Sorrentino

Em ano de entressafra eleitoral, com uma orientação política clara, as diretivas traçadas pelo Comitê Central vêm sendo desenvolvidas em todo o país, com ênfase não apenas na construção do projeto eleitoral 2012, mas igualmente no conjunto da intervenção e fortalecimento da vida partidária. O partido foi pólo ativo no amplo debate nacional sobre o Código Florestal e, igualmente, no Fórum das Centrais Sindicais e na Coordenação dos Movimentos Sociais; há vitórias na atuação sindical com os comunistas no interior CTB, das mulheres no recente Congresso da UBM, no movimento estudantil com o próximo congresso da UNE, e a vitória no Congresso da CONAM, que abrange o movimento comunitário.

Foram realizados encontros nacionais expressivos no tocante à comunicação, às questões de partido e sindical. O Fórum de Movimentos Sociais, o Fórum de Parlamentares que organiza a campanha contra o fim das coligações no âmbito da reforma política, os seminários e atividades da Fundação Maurício Grabois foram todos eventos muito concorridos, com milhares de participantes, e que vêm se reproduzindo nos Estados. Marca saliente é a participação massiva, de certo modo inédita, dos comitês municipais das maiores cidades do país: a orientação nacional está chegando mais aos meandros partidários. As frentes de direção do trabalho internacional, da mídia, saúde, cultura, direitos humanos, meio ambiente, contra a discriminação racial, esporte e todas as demais continuam desenvolvendo ações e elaborações intensivas.

A questão saliente de o PCdoB se apresentar como alternativa política efetiva mobiliza muitos quadros da sociedade.  O propósito de se abrir para a sociedade e para o povo vem provocando um frêmito de expectativa quanto a abrigar lideranças emergentes e dar lugar a uma identidade partidária ainda mais característica de nosso povo. Ao mesmo tempo, o partido vinca a imagem de que pode assumir e cumprir compromissos com os que ingressam tendo em vista um projeto político comum, ao lado do esforço claro de reforçar a estrutura de direções e de vida militante que assegurem a unidade do projeto com a política no posto de comando.

É mais uma relativa mudança de fase, como vem ocorrendo nos últimos anos. As linhas definidas são as responsáveis por esse percurso e elas devem estar no foco dos esforços da direção nacional, por consolidá-las e extrair delas todas as consequências.

Um partido amplo, de múltiplas intervenções, mais influente é, consequentemente, mais complexo de dirigir e unificar. Entre as múltiplas dimensões a alcançar, destaco a que ainda é pouco visível ou assimilada: é preciso liderar com mais intensidade o discurso político-organizativo da vida partidária, como parte da consolidação do papel do PCdoB. A vida mostra que esse é um diferencial dos comunistas, ao tempo em que os partidos políticos em geral estão imersos em grande pragmatismo de curto prazo e dedicam pouca ou nenhuma energia à questão militante.

Por vários anos o discurso do PCdoB nessa matéria acentuou o crescimento das fileiras partidárias: não ser apenas um partido de quadros, mas um partido leninista de quadros e de massa. Isso segue indispensável. Assim, foi um avanço compreender que a construção partidária se efetiva no plano político, ideológico e organizativo, de tal sorte que ela envolve todas essas esferas, necessariamente, em diferentes perspectivas. Para dar conta disso, se constituiu o conceito de estruturação partidária, o qual materializa as linhas políticas da construção em condições concretas.

Essa é linha política de estruturação partidária. A nervatura é a política justa no comando, a identidade partidária e a estrutura organizada; esta se assenta inteiramente na política de quadros e nos pressupostos de vida militante de base. O 7º Encontro Nacional sobre Questões de Partido, realizado em abril último, em São Paulo, produziu orientações claras e renovadas quanto a isso. Como toda linha política, envolve luta por sua assimilação e implementação prática. Esse é o esforço em curso hoje. Nas conferências do segundo semestre estará à prova, para produzir um sistema de direções estaduais mais fortalecidas, apoiadas em comitês municipais mais maduros em cerca de 2.500 municípios e retemperar a militância em toda a extensão. O alvo especialíssimo são as 300 maiores cidades do país.

A questão é que com a maior e diversificada influência do PCdoB, desenvolvendo-se às centenas os quadros partidários, líderes em seus campos de ação, há um relativo vazio quanto a liderar, no interior do partido, o discurso político-organizativo da vida partidária. Essa não é matéria organizativa, mas de todos os dirigentes partidários; não é também “questão interna”, porque o tema partido (ou crise dos partidos) se transformou em debate que alcança parcelas combativas da sociedade.

Hoje compreendemos melhor que antes a questão de integrar decisivamente política e organização, e o de incentivar a liderança do discurso político-organizativo da maior vida partidária. Isso, em suas respectivas dimensões, abrange a todos os quadros, onde quer que atuem. E se os principais líderes políticos e de massa do partido não o encabeçam ou lhe dão sustentação, tanto quanto os presidentes e secretários de comitês, não ganha credibilidade, reduz-se indevidamente a tarefas organizativas esquemáticas e impotentes.

Dos gabinetes ministeriais e parlamentares até as frações de entidades representativas; das direções partidárias às bases que precisam se consolidar em atuação mais regular; da atuação no movimento social até o da academia e instituições da ciência, há sempre novas exigências para melhorar a atuação organizada e unitária dos comunistas. Que sentido tem fortalecer direções se elas não se reúnem regularmente? Que sentido tem ampliar as fileiras se elas não produzem vida associativa dos militantes em formas diversas e regulares de organizações desde a base? Por quê esse discurso deveria ser confinado a uma dimensão meramente “organizativa” e segmentada, ao invés de ser universal, e afirmado por todos? Em várias direções estaduais, hoje, não há quem se disponha a liderar o discurso político-organizativo e, realmente, não há como fazê-lo sem que os presidentes se ponham à frente.

A questão é essa: as lideranças políticas do PCdoB, seus agentes públicos, as lideranças internas, em primeiro lugar os presidentes e secretários de organização, todos precisam se apresentar perante os 300 mil inscritos no Partido, com essa mensagem. Escrever, proclamar, agitar, educar, promover esse esforço. Esse é o legado maior e mais imediato do 7º Encontro, para este momento: reforçar esse discurso e a liderança desse discurso em todo o partido. As conferências são o momento crucial que nos põe à prova nesse rumo e, se vencermos, será outro poderoso fator de avanço do PCdoB e educação da militância. A linha justa se comprova na prática e ela estará submetida ao teste maior no segundo semestre.

* Walter Sorrentino é médico, secretário nacional de organização do Comitê Central

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O PCdoB, dois brasileiros e o Código Florestal

Adelino Ramos (Dinho) e Aldo Rebelo
O novo Código Florestal, cujo relator na Câmara Federal é o deputado do PCdoB, Aldo Rebelo, gera intenso debate em nossa sociedade. A critica a um projeto desta complexidade é natural. O debate foi intenso. No nosso entender, profícuo. Foi este debate que deu ao corajoso texto final, alicerces baseados no histórico de ocupação de terras no país, na complexidade e multiplicidade da nossa composição etnográfica, cultural, territorial e na complexidade e multiplicidade de nossos biomas. 

Como nos diz Renato Rabelo, em recente texto publicado no Vermelho “O relatório de Aldo Rebelo sobre o Código Florestal é o resultado de um trabalho meticuloso, experiente e equilibrado sobre um tema polêmico. Aldo, depois de longo período de viagens e consultas pelo Brasil afora, ouvindo vários setores da sociedade, trouxe à tona uma questão central: milhões de pequenos produtores e das propriedades familiares (grande maioria das propriedades rurais) estavam na ilegalidade perante o Código Florestal vigente. Por isso, era sempre adiada sua aplicação através de Medidas Provisórias. A produção de alimentos podia estar sendo colocada em xeque”.

A proteção ao meio ambiente consta em nosso programa. Mas entendemos que é preciso superar a concepção dos defensores tanto da exploração predatória (segundo a qual o crescimento econômico é tudo e a proteção ambiental, nada) quanto do “santuarismo”, ou seja, o preservacionismo estático da natureza, que paralisa o desenvolvimento.  Entendemos que é perfeitamente possível aliar desenvolvimento e preservação.

Assim relata nosso presidente nacional em seu texto “Aldo produziu um Código que leva em conta a realidade nacional, harmonizando meio ambiente e produção, com ações afirmativas que se sobrepõem às penalidades, com compensações ambientais para as áreas de preservação permanente e garantido as dimensões das reservas legais para os diversos biomas. A síntese elaborada por Aldo — numa demonstração de sua justeza em tema tão complexo — se impôs, teve aprovação de mais de 80% da Câmara dos Deputados. Os fatos falam mais alto. A maioria da Câmara não é composta apenas de ruralistas”.

A votação do Código Florestal na Câmara Federal teve 410 votos a favor e 63 contra. Reflitam: temos 410 ruralistas na câmara? O próprio Aldo Rebelo diz: “se tivéssemos 410 ruralistas na câmara nem eu seria o relator e nem este seria o texto”. O que se percebe porém é que determinados setores políticos e sociais usam o debate em torno do Código Florestal para atacar, direta e indiretamente o PCdoB, numa campanha recheada principalmente com desinformação, tanto sobre o código quanto sobre o partido. A retórica conservadora, no afã de desmontar a esquerda no Brasil, procura divulgar que ela se tornou pragmática, sem ideologia definida. Ultimamente, em meio ao debate do Código Florestal, o conservadorismo e setores políticos oportunistas tentam jogar o PCdoB na vala comum de que a esquerda no Brasil é uma “fantasia”.

Em seu texto, Renato Rabelo cita entrevista que deu a jornalista do jornal O Globo, Isabel Braga. A jornalista indagou o nosso presidente nacional da seguinte maneira: porque o PCdoB, apesar de ser “pequeno”, estava sempre metido destacadamente em grandes questões políticas? Perguntou ainda se o partido estava “traindo as bandeiras comunistas”, ou seja, se havia mudado de ideologia. Renato Rabelo responde com propriedade. O PCdoB não mudou a sua ideologia!

Mais do que um simples discurso para confirmar esta assertiva, comprova isso citando a notícia do assassinato brutal de Adelino Ramos, em Rondônia. Dinho, como era conhecido, era sobrevivente do massacre de Corumbiara, um destacado militante do PCdoB em Rondônia e dirigente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB). Dinho é a resposta eloquente àqueles que acham que o PCdoB mudou sua ideologia.

São militantes abnegados e decididos que formam a argamassa que sustenta a longa existência do Partido Comunista do Brasil, na luta por seu ideal, desde sua fundação em 1922. Dentre tantos destes militantes está Adelino Ramos, o Dinho. O mesmo militante do PCdoB atual, entre milhares de outros, camponês dedicado à defesa dos direitos do povo do interior, da inconclusa reforma agrária, enfrentando a prepotência dos grandes latifundiário da região, ameaçado de morte, caiu crivado de balas, na presença da mulher e das filhas. Dinho é a prova cabal de que o PCdoB continua combatendo na mesma trincheira de lutas vincadas em toda sua trajetória.

A mesma manipulação e distorção recorrente de fatos na abordagem do relatório do novo Código Florestal para apresentar o deputado Aldo Rebelo e o PCdoB a serviço dos grandes proprietários rurais é a que esconde que Dinho era militante do PCdoB. A história dos comunistas brasileiros, incluindo a Guerrilha do Araguaia, é a da luta sem tréguas contra o latifúndio, pela reforma agrária, pela democracia e pelos direitos do povo. Foram a prática e os ideais comunistas, antagônicos aos da classe dominante, que atraíram para as fileiras do partido o militante Dinho.

O PCdoB não mudou de trincheira e ousa lutar! É assim na CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, organizada nesses três últimos anos). É assim na UJS (União da Juventude Socialista), que tem papel protagonista principal entre os estudantes universitários e secundaristas, conseguindo manter a UNE e a Ubes como entidades únicas dos estudantes. É assim na luta de gênero, na qual o PCdoB dirige a UBM (União Brasileira de Mulheres). É assim no movimento negro, através da Unegro, que destacadamente luta pela igualdade racial no Brasil, como também tem significativa militância em defesa da causa das minorias indígenas do país.

O PCdoB tem bancadas parlamentares na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, que gozam de grande respeito e influência, sendo seus parlamentares chamados a contribuir em temas relevantes e em momentos decisivos numa demonstração da suas capacidades e experiência. Na crise mais aguda do primeiro governo Lula, em 2005, Aldo Rebelo foi chamado a disputar a presidência da Câmara dos Deputados, porque na base do governo era quem reunia melhores condições para afastar a ameaça da vitória da oposição.

A indagação da repórter de O Globo de por que o PCdoB, “partido pequeno”, ter projeção em importantes momentos políticos, já responde o que é o PCdoB hoje. O mesmo Partido que mantém a sua doutrina e a sua perspectiva revolucionária, tem procurado retirar lições das ricas experiências da luta pela construção de uma nova sociedade, a sociedade socialista. Assim, ao mesmo tempo em que se baseia em seus princípios e retira ensinamentos da luta passada, ele se renova e se atualiza para responder às exigências da época atual, definindo um novo Programa, uma nova política, construindo um Partido contemporâneo. Aqueles que nos criticam declarando que abandonamos nossa ideologia, em verdade desejam que o Partido Comunista seja apenas uma seita aclamando fanaticamente seus fundamentos, com uma política fundamentalista, como se fosse um tronco morto sem a seiva, sem participação e influência efetiva no curso político, à margem das grandes decisões nacionais. Entendemos que a política precisa estar em conformidade com a realidade objetiva a fim de responder sua evolução, delineada por continuidades e mudanças, por velhos e novos desafios.

É nesse PCdoB vivo, atuante e contemporâneo que Adelino Ramos, o Dinho militou. Sua luta é a luta do PCdoB. Sua memória, assim como a luta que construiu e pela qual deu sua vida, continuará presente, no dia a dia da militância partidária e na busca do PCdoB por um Brasil democrático, soberano e socialmente justo. 


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ijuí debate espaços de diálogo com a juventude


“O debate com a juventude é sempre bem vindo, apesar de o executivo chamar este debate um pouco tarde, já que nos aproximamos do final de um período de governo. Mesmo assim é importante e acho a proposta de uma conferência da juventude uma boa ideia”.

Entidades representativas da juventude e de estudantes estiveram reunidos ontem (01), no Salão Farroupilha da Prefeitura Municipal, numa reunião convocada pelo executivo de Ijuí para abrir canais de diálogo com a juventude.

“Tudo o que a gente quer é ser feliz e ai eu lembro da proposta de emenda a constituição da nossa deputada Manuela D'Avila, chamada de PEC da Felicidade, que passa a classificar os diversos direitos sociais como “essenciais à busca da felicidade”. Por isso esse debate e a participação da juventude em busca dos seus direitos sociais é tão importante para nossa cidade, para a sociedade e para a nossa felicidade”, explicou a vereadora.

O PCdoB levou para a reunião diversos representantes, entre eles o presidente do DCE da UNIJUI, Alisson Legonde e o presidente do partido em Ijuí, Ângelo Schiavo. Ângelo ressalta que os interesses da juventude são distintos e que estes interesses se unificam nas lutas concretas do dia a dia como o lazer, o esporte, o acesso a uma boa qualidade de ensino e a busca por uma boa colocação no mercado de trabalho.

Ele saudou a iniciativa, mas lembrou que é fundamental complementar e encaminhar as resoluções das reuniões e das conferências. Lembrou da Conferência Municipal do Esporte na qual a sociedade definiu diversas eixos de atuação e ações que não foram complementadas. “Parabenizo o executivo por reconhecer o papel do jovem, inserindo a juventude nos debates para a construção de políticas públicas em nossa cidade. Não podemos nos equivocar nesta ação de inserção dando a este debate um caráter apenas consultivo ou para acomodação e aclamação de uma política pré definida. Temos que efetivamente ouvir a nossa juventude e sistematizar os seus anseios, pautando as ações de governo e garantindo a implementação de políticas públicas que supram as necessidades e carências da nossa cidade em relação a este segmento da sociedade”, disse o presidente do PCdoB/Ijuí.

Como resultado desta reunião inicial, as entidade presentes vão ampliar o debate para os seus grupos e áreas de influencia, com o objetivo de incluir outros segmentos da juventude que não estiveram presentes. “Temos jovens que não estão na escola, não estão na faculdade e que não tem lugar e espaço. Temos que criar estes espaços”, explica o vice prefeito Ubirajara Machado Teixeira. Uma nova reunião ampliada foi marcada para o próximo dia 21.

A vereadora Rosane Simon destaca que este não deve ser um debate fechado, mas ampliado a todos os segmentos. “Nossa tarefa de casa é, nestas reuniões que cada um irá promover, pensar no que precisamos e quem não pode faltar. Temos que nos esforçar para incluir o maior número possível de segmentos da juventude, mas também de todos aqueles que desejam participar da construção de uma cidade melhor, para todos”.