Um dos “blogs progressistas” mais famosos na rede atualmente é o Cloaca News. A descrição do blog não revela muito do ótimo conteúdo que apresenta: “AS ÚTIMAS DO JORNALISMO DE ESGOTO (e dos coliformes favoritos da imprensa golpista)”. O blog do Sr. Cloaquinha, como a ele se referiu o Presidente Lula na entrevista que deu aos blogueiros progressistas, surgiu para escancarar os erros grotescos e desvios de um jornalismo via de regra preguiçoso, quase sempre incompetente, na maioria das vezes partidário e sempre, invariavelmente, se dizendo democrático, plural e ético. O Sr. Cloaca se dedica a lhes tirar o véu da santidade.
Ministério Público
Nesta semana, diversos meios de comunicação divulgaram que a Deputada Federal Manuela D'avila, pela segunda vez campeã de votos no Rio Grande do Sul, teve sua campanha investigada pelo Ministério Público, o qual pede a rejeição de suas contas da campanha eleitoral de 2010 ao Tribunal Superior Eleitoral. A justificativa do MP para a rejeição de suas contas seria a doação de R$ 100.000,00 da INTERFARMA (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), que agrega 35 laboratórios farmacêuticos instalados no país e que, segundo a própria entidade, representam mais da metade do faturamento do segmento --R$ 18,5 bilhões. A Lei Eleitoral proíbe doações de entidade de classe ou sindicato.
Minha reação ao noticiado e as notícias foi de indignação. Não com a Deputada Manuela ou com o Ministério Público. O MP fez o seu digno trabalho. Apresentou uma denúncia que será julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Manuela D'ávila
Quanto a Manuela, tenho que dizer que sou militante do PCdoB. Conheço, admiro e respeito a atuação e a presença da Manuela nos principais e mais importantes debates do cenário político atual. Presença atuante. Mas sou militante do PCdoB. Da minha parte não se pode esperar outra coisa, diriam. Pois bem, então de onde vem os quase meio milhão de votos que a reconduziram à Câmara Federal, novamente como a candidata campeã de votos no estado? Porque ela foi relacionada pelo jornal inglês The Independent como uma líder do mundo do futuro. Na reportagem (completa, em inglês)(trecho, traduzido), o jornal inglês relaciona jovens homens e mulheres promissores que já estão a caminho do poder, em várias partes do mundo. No Brasil, eles destacaram a deputada Manuela D'ávila como uma das personalidades políticas do mundo responsável pela construção de um futuro melhor. O correspondente do jornal no Brasil, Jan Rocha, intitulou a matéria: “Brasil - Manuela D'ávila, 29, a sensação da esquerda”.
Um currículo e tanto amigo. De assustar adversários e de impressionar quem já está há muitos anos na política. Mas plenamente e simplesmente justificado em uma personalidade sagaz, inteligente, simpática e extremamente dedicada ao seu trabalho na Câmara Federal. Incansável na defesa de suas crenças e valores, valores do PCdoB: verdade, justiça, democracia. Quem a conhece não duvida da sua honestidade. Eu não duvido. Por isso a nota que divulgou em sua página na internet, me é satisfatória. Diz a nota:
“Nossas contas foram APROVADAS pelo TRE-RS, que reconheceu como REGULARES todas as doações recebidas na campanha de 2010. Temos a convicção de que este será o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral.”
Assinam a nota a Deputada Federal Manuela d'Ávila (PCdoB/RS) e Adalberto Frasson, Presidente do PcdoB/RS.
Jornalismo de esgoto
Bueno, há uma denúncia, na qual o Ministério Público faz o seu trabalho. Ninguém foi condenado, certo? Ai depende de uma questão fundamental: qual a fonte que tu usas para se informar? Dependendo do veículo de comunicação, seus títulos, subtextos, entrelinhas, fotos e diagramações, despudoradamente, julgam antes dos tribunais. Falo de veículos de comunicação que praticam um jornalismo como os que citei lá em cima, no primeiro parágrafo. Preguiçoso, adepto do “selecionar tudo (ctrl+a)”, “copiar (ctrl+c)” e “colar (ctrl+v)”. Incompetente, porque não pesquisou a fundo os fatos, não procurou ouvir a Manuela e a sua assessoria, não olhou a página da deputada para ver se lá constava algo. Sequer se deu ao fácil trabalho de utilizar a internet e um mecanismo de busca para ver se existem mais fatos relevantes para selecionar, copiar e colar, como bem lhes cabe o “método”. Um jornalismo por vezes partidário, que viu na manipulação deste fato uma oportunidade de ataque e de agradar o político que dela é adversário e que pinga mensalmente, como uma esmola, um mirrado valor mensal em forma de publicidade da instituição que comanda com coronelismo político. Jornalismo que por essa esmola, aceita a parcialidade duvidosa dos fatos. Veículos que pregam aos quatro ventos a sua isenção, seus valores democráticos e sua ética jornalística.
Senão vejamos este título de matéria da Agência Brasil, o mais copiado e colado ultimamente, inclusive aqui em Ijuí: “MP pede rejeição de contas da deputada Manuela D'ávila” e no subtexto: “Parlamentar teria recebido R$ 100 mil em doações de uma entidade de classe”. No título uma condenação. Apenas no subtexto a dúvida, o “teria recebido”. Não há por parte dos tribunais nenhuma condenação. Não há por parte de algumas reproduções nenhuma menção a nota da Deputada Manuela D'avila ou ao fato de que suas contas foram aprovadas pelo TRE/RS. Em reprodução do Ijuhy.com (tiro este apenas como um exemplo acessível online, mas reprodizido também por outros veículos impressos em Ijuí), seguem-se os tradicionais comentários sobre um rosto bonitinho desprovido de acumúlo e de intensa, profícua e exitosa atuação política. Ou pior, exaltando aquele senso comum, de que a política e os políticos não prestam.
Conhecer a Manuela e a sua atuação é um antídoto poderoso contra esse tipo generalização rasa. Manuela nos faz acreditar que a política é o caminho para um futuro melhor e de que existem políticos de verdade, que praticam a política que respeita o cidadão e que traz resultados para a construção de uma sociedade melhor. Delírio ufanista de um militante comunista? Creio que não.
Cito o subtexto da matéria do The Independent: “Todo político fala da construção de um futuro melhor. Mas quem realmente será responsável por esse cenário, dentro de 20 anos? Nossos correspondentes estrangeiros encontraram, em todo o mundo, os jovens homens e mulheres promissores que já estão a caminho do poder”. Manuela D'ávila é um deles, segundo o jornal inglês.
Cai o véu
Lí todas as matérias sobre este fato, em vários veículos. Um detalhe me chamou atenção, na matéria veiculada no Sul21. Haviam mais políticos que receberam dinheiro da INTERFARMA. Pois bem, dez minutos em um mecanismo de busca na rede mundial e pimba! Lá estão informações pertinentes (). Nesta matéria, com foco numa suposta intenção da INTERFARMA em criar um grupo lobista dos seus interesses no congresso, através de doações de campanha, aparecem os demais deputados beneficiados com doações da entidade. São vinte. Dentre eles, cinco são gaúchos. Dois da região noroeste do Rio Grande do Sul, um deles com base eleitoral na minha cidade, Ijuí.
Darcísio Perondi, com base em Ijuí, recebeu R$ 150.000,00 da INTERFARMA. Osmar Terra, de Santa Rosa, recebeu o mesmo valor. Os demais citados, são a deputada Manuela D'ávila - R$ 100.000,00 - e os deputados Onyx Lorenzoni (DEM) e Renato Molling (PP), ambos com R$ 50.000,00 doados. Não consegui verificar se estes deputados já foram ou se serão citados pelo MP em relação ao caso.
Diante destes fatos, onde pode estar o dito jornalismo de esgoto? Me ressinto do fato de que nas matérias veiculadas por esse nosso Rio Grande, somente Manuela D'ávila é nominada em um título que mais parece uma sentença. Me ressinto que a reprodução descontextualizada da matéria da Agencia Brasil aqui na região, sirva de pretexto condenatório para imputar à deputada culpa, pelo que é ainda, apenas uma denúncia. Me ressinto daqueles que não buscaram, por preguiça, incompetência ou por má fé partidária, ouvir e reproduzir a defesa da deputada Manuela. Meu ressentimento não é condenatório à qualquer um dos veículos que citei. Faço apenas minha análise militante dos fatos.
Contexto
Para finalizar, é imperativo dizer que um dos principais aprendizados que tive em minha formação política no PCdoB é, em qualquer instância de debate, seja ela interna ou com a sociedade, supervalorizar a verdade, a justiça e a democracia. Não é demagogia. É contexto. São valores que o partido carrega nos quase 100 anos de sua existência. Foram forjados em anos de chumbo, sob tortura, clandestinidade e de tremendas injustiças. Nascido em 1922, o partido sobreviveu ao “Estado Novo” sob intensa perseguição, torturas, mortes e clandestinidade. Voltamos a democracia e elegemos 14 deputados e 1 senador na eleição para a Assembleia Constituinte de 1946. Nossa atuação foi pautada pela defesa dos interesses dos trabalhadores, das forças progressistas e do aprofundamento da democracia. Então veio 1964. Ditadura. Perseguição. Tortura. Mortes. Cientes do Brasil que queremos, fomos ao Araguaia e lutamos por democracia, com armas. Em 1976, massacre da Lapa. A ditadura eufórica anuncia: “Massacre na Lapa: Como o Exército liquidou o Comitê Central do PCdoB”. Queriam nos liquidar. Sobrevivemos.
Veio a reabertura democrática, as diretas, Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula. Em cada esquina, em cada comício, em cada manifestação, estávamos lá. Amor, dedicação e fé no Brasil e no seu povo. Com Dilma, reafirmamos essa fé no Brasil e no seu povo. Brasil que dá certo, que prospera, distribui riqueza e progride com soberania. Brasil que preza a verdade, a justiça e a democracia. É contexto. Contexto do PCdoB. Respeitamos e queremos ser respeitados. Nossa história grita, nosso sangue corre e nossa fé nunca se abala.
Viva o PCdoB!
Adriano Daltro Schröer
Secretário de Comunicação do PCdoB/Ijuí
Veja lista dos deputados divulgada pela Folha Online: