quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

“A luta pelos direitos da mulher não é pequena, marginal, mas uma luta central em nossa sociedade”


O Fórum Permanente da Mulher de Ijuí promoveu nesta quarta (02), dentro da programação dos "16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher" uma conversa com Cora Chiapetta que é Membro da direção estadual e nacional da União Brasileira de Mulheres.
Os “16 dias de ativismo” foram criados com o intuito de sensibilizar sobre a violência ao gênero como uma violação de direitos humanos. A campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violênci
a contra as Mulheres” destaca datas significativas no período de 25 de novembro a 10 de dezembro para unir simbolicamente a luta pela fim da violência contra as mulheres à defesa dos direitos humanos.
A conversa teve início com Rosana Tenroller, Coordenadora do Grupo de Trabalho de Políticas Setoriais da Prefeitura Municipal de Ijuí, que deu as boas vindas a todos. A seguir a vereadora Rosane Simon explanou os objetivos da reunião e fez um breve relato da evolução da luta contra a violência e
sobre as discussões que envolvem o movimento de mulheres nos dias de hoje. “Nossa luta conseguiu alcançar alguns objetivos, como a Lei Maria da Penha. Avançamos. Mas não podemos nos descuidar em ralação as nossas conquistas, porque não são poucos os que querem retroceder, questionando inclusive esta mesma lei”. Rosane apresentou a convidada da noite, Cora Chiapetta, que saudou a todos dizendo de sua alegria em voltar a Ijuí. Cora esteve presente outras duas vezes a cidade, uma delas no ato de fundação da União Brasileiras de Mulheres/Ijuí, em 2003.
Ela iniciou a sua fala destacando a presença de homens no evento, salientando a importância de que estes compartilhem da luta contra a violência e pelos direitos das mulheres. Após uma breve explanação histórica da questão de gênero no Brasil e no mundo, Cora propôs aos presentes uma dinâmica para ouvir de cada um suas impressões sobre a questão e lançou uma pergunta: O que mudou?

Abriu-se uma serie de opiniões e no final Cora brincou: “Não preciso mais falar, vocês já disseram tudo”. A noite era de boa prosa mesmo. Cora deu prosseguimento a sua fala acentuando a necessidade de o movimento de mulheres não andar sozinho. Para ela, existem dois focos que devem andar juntos. O primeiro, na luta pelas questões específicas relativas ao gênero, como a saúde, por
melhores salários, por espaços e por atuação política e sempre, contra a violência. O segundo foco deve ser no sentido de fazer com que a sociedade avance, como um todo. “Vivemos um momento propício para que o movimento de mulheres junte força com outros movimentos (negro, estudantil, sem-terra, etc), cada qual com suas lutas concretas, para que todos possamos nestes nossas lutas particulares, contribuir com lutas maiores que repercutam em avanços para a sociedade em que vivemos”.
Em nova roda de conversa com os participantes, a questão do movimento local veio a tona. Maria Júlia Padilha, uma das fundadoras do movimento de mulheres em Ijuí, expôs a dificuldade em ampliar o debate para além da militância dentro do movimento feminista. “Por diversas vezes procuramos abrir espaços nos bairros, nos clubes de mães ou nos postos de saúde e no entanto não tivemos acesso, não conseguimos abrir estas novas frentes, muito por falta de coordenação política do Executivo Municipal”.
Com relação a isso, todas concordam. A avaliação é de que, a partir do Fórum Permanente da Mulhe
r de Ijuí, alguns avanços estão ocorrendo na atitude do Executivo Municipal, apesar de que lentamente. Rosana Tenroller lembrou da importância de continuar a luta pela criação da coordenadoria da mulher no município, luta histórica do movimento em Ijuí, para ampliar o raio de ação da políticas públicas para a mulher.
Para finalizar, Cora conclamou a todos com uma meta: “que daqui a alguns anos, quando novamente perguntarmos o que mudou, possamos constatar que a violência contra a mulher não existe mais, que homens e mulheres dividem as tarefas familiares, que na saúde, no mercado de trabalho e nos serviços públicos em geral as coisas sejam diferentes. Que possamos constatar que a sociedade avançou”.
“Esta atividade foi muito importante para o nosso movimento em Ijuí. Fizemos um ótimo debate sob vários pontos de vista. Sob o aspecto social, político e sobre os caminhos que devemos trilhar em busca da sociedade que queremos construir. A Cora Chiapetta nos mostrou aspectos de nossa luta que por vezes não percebemos em nosso dia-a-dia. Acho que foi um momento fundamental para todas as entidades que participam do fórum”, avaliou Rosana Tenroller.

Mais informações sobre os 16 dias de ativismo aqui.


Confira a agenda dos 16 dias de ativismo em Ijuí:

Dia 7/12
Capacitação e sensibilização com profissionais do pronto socorro do HCI dentro do programa "Observatório da Violência" para o preenchimento do relatório Individual de Notificações de Acidentes e Violência – RINAV.
Promoção: 17ª CRS, HCI e Cerest Local:
Auditório do HCR em duas edições: manhã e tarde.


Dia 8/12

Capacitação e sensibilização com agentes de saúde do município de Ijuí.
14 horas no auditório do Sindicato dos Comerciários
Promoção: 17ª CRS e Sec. Municipal de Saúde

Dia 10/12
Capacitação e sensibilização com professores da rede municipal de ensino.
Tema: A legislação atual “Lei Maria da Penha” - Fim da violência contra as mulheres – A questão da Igualdade de Gênero.
Promoção: Sec. Municipal de Educação
8:30 na SMEd

Esta programação de capacitação, sensibilização e formação com profissionais de diferentes áreas visa chamar a atenção, dar enfoque e mostrar que a violência contra a mulher não é fruto do acaso ou uma fatalidade. Precisa ser prevenida e evitada e deixar de ser banalizada pela sociedade.

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